Após acenos ao bolsonarismo, Tarcísio enfatiza que disputará reeleição para governador de São Paulo, enquanto calcula “custo” político de uma candidatura à Presidência da República
Parte dos aliados acredita que o recuo de Tarcísio é estratégico e visa estancar os ataques que partem tanto da esquerda quanto do bolsonarismo. (Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)
Após articular o PL da Anistia no Congresso, prometer indulto a Jair Bolsonaro e chamar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de tirano em um trio elétrico na Avenida Paulista — três movimentos vistos por aliados e opositores como posicionamentos de um provável candidato a presidente —, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu, mais uma vez, mudar o tom de seus discursos ao repetir que vai concorrer à reeleição no ano que vem. O movimento, porém, também gera um “efeito cascata”, que tem travado a escolha para sua eventual sucessão na gestão estadual.
A mais recente declaração pública de Tarcísio na linha de que vai disputar a reeleição foi dada na última segunda-feira, na saída do condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, em Brasília. O encontro havia criado a expectativa de que o ex-presidente, que está inelegível, poderia dar aval imediato à candidatura nacional do governador, o que acabou não ocorrendo — embora Bolsonaro já tenha admitido a aliados, reservadamente, que aceita uma postulação de Tarcísio à Presidência da República.
A possibilidade de Bolsonaro sacramentar a escolha é bem-vista por líderes do Centrão, que procuram acelerar as tratativas e definir o candidato da direita ainda antes do fim do ano. Enquanto isso, uma longa lista de interessados em uma definição sobre o futuro de Tarcísio aguarda pela decisão, a começar pela “fila de candidatos a governador da direita, que vai de São Paulo a Osasco”, como resume um importante aliado do ex-ministro.
Em um cenário sem Tarcísio na corrida paulista, são muitos os nomes que aparecem como possíveis alternativas para a disputa pelo governo. A lista inclui o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, o secretário de Segurança Guilherme Derrite (PP) e o vice-governador Felício Ramuth (PSD).
Estratégia eleitoral
Parte dos aliados acredita que o recuo de Tarcísio é estratégico e visa estancar os ataques que partem tanto da esquerda quanto do bolsonarismo, principalmente da ala representada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Fustigado por conta do tarifaço e da articulação da anistia, Tarcísio estaria não apenas repetindo a tática de idas e vindas que vem marcando todo o mandato, mas também testando os prós e contras de se candidatar em São Paulo ou a presidente em 2026.
— Toda a articulação que ele faz é de alguém que está se preparando para ser candidato a presidente. Quando essa crise no interior do bolsonarismo estourar, e houver ainda mais divisão, Tarcísio vai aparecer como a figura mais adequada — avalia o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), numa referência ao racha na direita sobre a escolha de um nome para representar o campo.
Um dos prós para tentar uma reeleição é sua posição mais favorável nos levantamentos eleitorais. A última pesquisa Genial/Quaest sobre a disputa estadual, divulgada em agosto, mostrou Tarcísio com 43% das intenções de voto. O nome mais próximo de Tarcísio é o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador, que marcou 21% .
Já na rodada de setembro da pesquisa sobre a corrida presidencial, a Quaest mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente de todos os potenciais adversários, inclusive de Tarcísio. Nos cenários de primeiro turno contra o governador, o petista marca 35% e 40%, contra 17% e 20% do rival. Apesar da crise de popularidade recente, Lula tem conseguido uma onda positiva com o discurso de “soberania nacional” e passou a demonstrar resiliência ao meio político.
— A política é muito determinada pelas circunstâncias. Eu diria que, se a eleição fosse hoje, o Tarcísio não seria candidato, mas a eleição não é hoje — afirma o cientista político Carlos Melo, do Insper, que vê como fator decisivo da escolha a popularidade do incumbente. — Ser candidato e perder a eleição presidencial, deixando escapar o mandato em São Paulo, significa acabar com a carreira política dele.
Um secretário que conhece bem o governador afirma que a definição pela reeleição, além de mais “cômoda” e “fácil”, abriria caminho para que Tarcísio deixasse sua marca como gestor ao entregar linhas de metrô e trem, o interminável Rodoanel e também a nova sede administrativa do governo, no Centro de São Paulo, além de “carimbar” a marca de primeiro governador a conseguir a remoção definitiva da Cracolândia. Porém, para esse mesmo secretário, a tese do “cavalo selado só passa uma vez” não pode ser desconsiderada, já que a chance pode não se repetir se surgir, no futuro, outro nome competitivo da direita. Com informações do portal O Globo.
https://www.osul.com.br/apos-acenos-ao-bolsonarismo-tarcisio-enfatiza-que-disputara-reeleicao-para-governador-de-sao-paulo-enquanto-calcula-custo-politico-de-uma-candidatura-a-presidencia-da-republica/ Após acenos ao bolsonarismo, Tarcísio enfatiza que disputará reeleição para governador de São Paulo, enquanto calcula “custo” político de uma candidatura à Presidência da República 2025-10-05
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Em um cenário sem Tarcísio na corrida paulista, são muitos os nomes que aparecem como possíveis alternativas para a disputa pelo governo. A lista inclui o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, o secretário de Segurança Guilherme Derrite (PP) e o vice-governador Felício Ramuth (PSD).
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