Chegada ao Supremo em 2006, Cármen Lúcia é a ministra com mais tempo de atuação na Corte. (Foto: Sophia Santos/STF)
O voto da ministra Cármen Lúcia consolidou nessa quinta-feira (11) a maioria na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus na chamada trama golpista.
Cármen foi a quarta integrante a votar e acompanhou integralmente o relator, Alexandre de Moraes, e o ministro Flávio Dino. Divergiu apenas do ministro Luiz Fux, que absolveu Bolsonaro e outros réus em seu voto apresentado na última quarta (10).
Única ministra da atual composição do Supremo, Cármen Lúcia também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma das principais instituições atacadas pelo grupo investigado.
No voto dessa quinta, a ministra reforçou a segurança do sistema eleitoral e rebateu argumentos das defesas que confundiram os conceitos de voto impresso e voto auditável.
Durante seu voto, Cármen afirmou que os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não foram um evento “banal”, mas resultado de uma engrenagem organizada ao longo do tempo:
“O 8 de janeiro de 2023 não foi um acontecimento banal, depois de um almoço de domingo, quando as pessoas saíram para passear. O inédito e infame conjunto de acontecimentos havidos ao longo de um ano e meio para inflar, instigar por práticas variadas de crimes, quando haveria de ter uma resposta no direito penal.”
Também destacou que, em sua visão, Bolsonaro liderou a organização criminosa.
“Eu tenho por comprovado pela Procuradoria-Geral da República que Jair Messias Bolsonaro praticou os crimes que são imputados a ele na condição de líder da organização criminosa.”
Falas anteriores
Na fase de aceitação da denúncia, ainda em 2023, Cármen já havia feito um voto duro em defesa da democracia:
“Ditadura mata. Ditadura vive da morte – não apenas da sociedade, da democracia, mas de seres humanos de carne e osso.”
Na etapa das falas das defesas, nesta semana, a ministra chamou atenção ao questionar o advogado de Paulo Sérgio Nogueira:
“Demover de quê? Porque até agora todo mundo diz que ninguém pensou nada, cogitou nada…”, perguntou Cármen, ao ouvir que o ex-ministro teria tentado demover Bolsonaro de medidas extremas.
No início de seu voto dessa quinta, a ministra disse que esta ação penal é um encontro do Brasil com seu passado, presente e futuro.
“O que há de inédito, talvez, nessa ação penal, é que nela pulsa o Brasil que dói.”
Ela citou a historiadora Heloisa Starling para reforçar que “não se faz um golpe em um dia, e o golpe não acaba em uma semana, nem em um mês”.
Trajetória
Cármen Lúcia chegou ao STF em 2006, indicada pelo então presidente Lula. Presidiu a Corte de 2016 a 2018 e, atualmente, ocupa também a presidência do TSE, com mandato até 2026. É a ministra com mais tempo de atuação no Supremo.
https://www.osul.com.br/responsavel-pelo-voto-da-maioria-carmen-lucia-e-a-unica-ministra-mulher-do-supremo/ Responsável pelo voto da maioria, Cármen Lúcia é a única ministra mulher do Supremo 2025-09-11
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Responsável pelo voto da maioria, Cármen Lúcia é a única ministra mulher do Supremo
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O voto da ministra Cármen Lúcia consolidou nessa quinta-feira (11) a maioria na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus na chamada trama golpista.
Cármen foi a quarta integrante a votar e acompanhou integralmente o relator, Alexandre de Moraes, e o ministro Flávio Dino. Divergiu apenas do ministro Luiz Fux, que absolveu Bolsonaro e outros réus em seu voto apresentado na última quarta (10).
Única ministra da atual composição do Supremo, Cármen Lúcia também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma das principais instituições atacadas pelo grupo investigado.
No voto dessa quinta, a ministra reforçou a segurança do sistema eleitoral e rebateu argumentos das defesas que confundiram os conceitos de voto impresso e voto auditável.
Durante seu voto, Cármen afirmou que os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não foram um evento “banal”, mas resultado de uma engrenagem organizada ao longo do tempo:
“O 8 de janeiro de 2023 não foi um acontecimento banal, depois de um almoço de domingo, quando as pessoas saíram para passear. O inédito e infame conjunto de acontecimentos havidos ao longo de um ano e meio para inflar, instigar por práticas variadas de crimes, quando haveria de ter uma resposta no direito penal.”
Também destacou que, em sua visão, Bolsonaro liderou a organização criminosa.
“Eu tenho por comprovado pela Procuradoria-Geral da República que Jair Messias Bolsonaro praticou os crimes que são imputados a ele na condição de líder da organização criminosa.”
Falas anteriores
Na fase de aceitação da denúncia, ainda em 2023, Cármen já havia feito um voto duro em defesa da democracia:
“Ditadura mata. Ditadura vive da morte – não apenas da sociedade, da democracia, mas de seres humanos de carne e osso.”
Na etapa das falas das defesas, nesta semana, a ministra chamou atenção ao questionar o advogado de Paulo Sérgio Nogueira:
“Demover de quê? Porque até agora todo mundo diz que ninguém pensou nada, cogitou nada…”, perguntou Cármen, ao ouvir que o ex-ministro teria tentado demover Bolsonaro de medidas extremas.
No início de seu voto dessa quinta, a ministra disse que esta ação penal é um encontro do Brasil com seu passado, presente e futuro.
“O que há de inédito, talvez, nessa ação penal, é que nela pulsa o Brasil que dói.”
Ela citou a historiadora Heloisa Starling para reforçar que “não se faz um golpe em um dia, e o golpe não acaba em uma semana, nem em um mês”.
Trajetória
Cármen Lúcia chegou ao STF em 2006, indicada pelo então presidente Lula. Presidiu a Corte de 2016 a 2018 e, atualmente, ocupa também a presidência do TSE, com mandato até 2026. É a ministra com mais tempo de atuação no Supremo.
https://www.osul.com.br/responsavel-pelo-voto-da-maioria-carmen-lucia-e-a-unica-ministra-mulher-do-supremo/
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2025-09-11
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