Indefinição sobre futuro político do bolsonarismo também contribui para quadro de desorganização. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
O avanço de diferentes pré-candidaturas à Presidência, a indefinição do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o futuro político do bolsonarismo e as divergências internas causadas pelas movimentações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) levaram a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um quadro de desorganização, na avaliação de líderes da própria direita e centro-direita.
O assunto foi debatido em público nos últimos dias e reforçado por políticos e dirigentes partidários. Segundo os relatos, a oposição vem cometendo erros que deram fôlego a Lula, como mostram as pesquisas sobre avaliação do governo e intenção de voto, e reforçaram seu projeto de tentar um quarto mandato.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), disse que “a direita está um pouco mais desorganizada” que o campo governista e “ainda sem um cenário mais preciso sobre quem vai disputar a eleição”. O ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (sem partido) afirmou que “Lula voltou para o jogo graças à estratégia desorganizada e sem projeto da oposição, da extrema direita”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal aposta para aglutinar direita e Centrão, minimizou a crise horas mais tarde, ao dizer que o grupo “na verdade está organizado, vai vir forte e vai vencer a eleição”. Ele deu a declaração ao lado do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), outro pré-candidato ao Planalto, em jantar do Centro de Liderança Pública (CLP). Os dois pregaram que o campo se unirá num eventual segundo turno.
Eduardo
A atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, que produziu o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump, e a campanha aberta dele contra um apoio do pai a Tarcísio são vistas como estopim para a desagregação dos aliados. “Eduardo desorganizou a direita inteira”, diz um ex-integrante do governo Bolsonaro e que é entusiasta do projeto nacional de Tarcísio.
Para um presidente de partido desse segmento, “a oposição está tonta” diante da repercussão majoritariamente negativa da “agenda radical” defendida por Eduardo. Segundo esse dirigente, a fragmentação se acentuou com a prisão domiciliar de Bolsonaro e a ausência de uma liderança nacional da oposição, que pudesse também articular a agenda para desgastar o governo no Congresso. “Na prática, estamos ajudando o Lula”, diz.
Segundo pesquisa Pulso Brasil/Ipespe divulgada na última quinta-feira (25), a aprovação do governo Lula cresceu sete pontos percentuais num intervalo de dois meses e atingiu 50%, ante 43% em julho. Já a desaprovação, que era de 51%, agora está em 48%. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais.
Na coalizão que dá respaldo a Bolsonaro, a possibilidade de que o ex-presidente decida apoiar um dos filhos ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF) para uma candidatura presidencial é motivo de apreensão, de acordo com parte das lideranças. O receio é o de que isso facilite a estratégia do PT de grudar no eventual opositor a rejeição ao chefe do clã. Michelle admite entrar na corrida ao Planalto, “se for a vontade de Deus”.
Há uma leitura de que as chances de reeleição de Lula não podem ser subestimadas, já que o petista tem uma base eleitoral firme e controla a máquina federal. O economista Adolfo Sachsida, que foi ministro de Minas e Energia e secretário de Política Econômica no governo Bolsonaro, compartilhou em rede social o diagnóstico de que Lula “é o grande favorito para 2026” e que, sem Bolsonaro, “a direita, apesar de contar com bons nomes, ainda não demonstra a densidade eleitoral necessária para vencer”.
O fundador do CLP, Luiz Felipe D’Avila, que foi anfitrião do evento com Tarcísio e Zema, afirma ao Valor que “a direita está mais unida do que parece”. Ele, que é cientista político e filiado ao Novo – partido pelo qual concorreu à Presidência da República em 2022 –, diz acreditar em uma reorganização até o período eleitoral e sustenta que, na verdade, é o Centrão que está rachado, “indeciso entre desembarcar do governo ou fazer oposição a ele”.
Segundo D’Avila, a “pluralidade de candidatos” reflete uma “boa safra de governadores”, que inclui ainda Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR). “As coisas vão se definir no certo tempo”, afirma. (Com informações do Valor Econômico)
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), disse que “a direita está um pouco mais desorganizada” que o campo governista e “ainda sem um cenário mais preciso sobre quem vai disputar a eleição”. O ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (sem partido) afirmou que “Lula voltou para o jogo graças à estratégia desorganizada e sem projeto da oposição, da extrema direita”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal aposta para aglutinar direita e Centrão, minimizou a crise horas mais tarde, ao dizer que o grupo “na verdade está organizado, vai vir forte e vai vencer a eleição”. Ele deu a declaração ao lado do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), outro pré-candidato ao Planalto, em jantar do Centro de Liderança Pública (CLP). Os dois pregaram que o campo se unirá num eventual segundo turno.
Eduardo
A atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, que produziu o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump, e a campanha aberta dele contra um apoio do pai a Tarcísio são vistas como estopim para a desagregação dos aliados. “Eduardo desorganizou a direita inteira”, diz um ex-integrante do governo Bolsonaro e que é entusiasta do projeto nacional de Tarcísio.
Para um presidente de partido desse segmento, “a oposição está tonta” diante da repercussão majoritariamente negativa da “agenda radical” defendida por Eduardo. Segundo esse dirigente, a fragmentação se acentuou com a prisão domiciliar de Bolsonaro e a ausência de uma liderança nacional da oposição, que pudesse também articular a agenda para desgastar o governo no Congresso. “Na prática, estamos ajudando o Lula”, diz.
Segundo pesquisa Pulso Brasil/Ipespe divulgada na última quinta-feira (25), a aprovação do governo Lula cresceu sete pontos percentuais num intervalo de dois meses e atingiu 50%, ante 43% em julho. Já a desaprovação, que era de 51%, agora está em 48%. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais.
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Há uma leitura de que as chances de reeleição de Lula não podem ser subestimadas, já que o petista tem uma base eleitoral firme e controla a máquina federal. O economista Adolfo Sachsida, que foi ministro de Minas e Energia e secretário de Política Econômica no governo Bolsonaro, compartilhou em rede social o diagnóstico de que Lula “é o grande favorito para 2026” e que, sem Bolsonaro, “a direita, apesar de contar com bons nomes, ainda não demonstra a densidade eleitoral necessária para vencer”.
O fundador do CLP, Luiz Felipe D’Avila, que foi anfitrião do evento com Tarcísio e Zema, afirma ao Valor que “a direita está mais unida do que parece”. Ele, que é cientista político e filiado ao Novo – partido pelo qual concorreu à Presidência da República em 2022 –, diz acreditar em uma reorganização até o período eleitoral e sustenta que, na verdade, é o Centrão que está rachado, “indeciso entre desembarcar do governo ou fazer oposição a ele”.
Segundo D’Avila, a “pluralidade de candidatos” reflete uma “boa safra de governadores”, que inclui ainda Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR). “As coisas vão se definir no certo tempo”, afirma. (Com informações do Valor Econômico)
https://www.osul.com.br/lideres-da-direita-admitem-que-fragmentacao-e-atuacao-de-eduardo-bolsonaro-ajudam-lula/
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2025-09-27
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