Por outro lado, aliados de Lula reconhecem que a prisão pode ter consequências para o dia a dia no Congresso, com a ameaça de a oposição obstruir os trabalhos legislativos. (Foto: Reprodução)
Integrantes do governo Lula (PT) e aliados do presidente no Congresso afirmam que a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), no sábado (22), desgasta ainda mais a imagem do ex-presidente.
Eles reconhecem também que o episódio poderá ter impactos no Congresso, com potencial de a oposição obstruir votações. A pressão da direita pela anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro também está no radar, embora os governistas apontem que a tentativa de Bolsonaro violar sua tornozeleira eletrônica pode dificultar essa articulação.
A Polícia Federal prendeu preventivamente Bolsonaro pela manhã, na reta final do processo da trama golpista. Ele está na superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Ao determinar a prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), citou a violação da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro no início da madrugada, o risco de fuga dele para a embaixada dos EUA e uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.
Após a divulgação de vídeo em que Bolsonaro admite que fez uso de “ferro quente” para tentar abrir o dispositivo de monitoramento, integrantes do governo e aliados de Lula no Congresso voltaram a defender a legalidade da prisão, criticaram quem falou em “exageros” na decisão de Moraes e exaltaram o trabalho da Justiça.
De acordo com relatos, governistas deverão explorar o vídeo para desgatar a imagem do ex-presidente e de seus aliados, reforçando a narrativa de que Bolsonaro planejava fugir do país —o que também pode gerar críticas por parte dos apoiadores do ex-chefe do Executivo.
Aliados do petista dizem que essa prisão volta a prejudicar a posição do ex-presidente, ainda mais com essas evidências, e reforça a polarização entre esquerda a direita. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse que o vídeo “desmoraliza” os argumentos de quem criticou e falou em exageros na prisão preventiva do ex-presidente.
“Inacreditável, o vídeo desmoraliza qualquer argumento dos que criticaram a prisão, falando em exagero do ministro Alexandre de Moraes. Ele confessa tudo, é uma tentativa de fuga”, afirma.
O ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) adotou linha semelhante em publicação nas redes sociais. “Alguém ainda acha que ele não iria tentar fugir? Que a prisão foi ‘sem motivo’?”, escreveu.
Por outro lado, aliados de Lula reconhecem que a prisão pode ter consequências para o dia a dia no Congresso, com a ameaça de a oposição obstruir os trabalhos legislativos. Além disso, o episódio ocorre num momento em que a cúpula da Câmara e do Senado demonstram contrariedade com o governo federal, e a prisão poderá tensionar ainda mais a relação entre os três Poderes.
Em agosto, um grupo de deputados bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora por 30 horas em reação à prisão domiciliar de Bolsonaro. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse à reportagem na manhã deste sábado que já iria mobilizar a oposição para obstrução na Câmara. Ele não respondeu, no entanto, se esse movimento poderá levar a uma nova ocupação da Mesa.
Além disso, governistas reconhecem que haverá um aumento da pressão por parte de bolsonaristas sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) para que ele paute um projeto de lei da dosimetria das penas. O relator do projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse que a prisão deverá dar novo impulso ao projeto e que ela “facilita a negociação da dosimetria”. Ele nega um perdão amplo.
Na avaliação de governistas ouvidos pela reportagem, o avanço deste tema, neste momento, poderá representar uma afronta direta ao STF e até mesmo ao governo, que se opõe frontalmente à apreciação da matéria.
Um aliado do petista no Congresso diz que o momento exige que governistas partam para o embate político com o grupo bolsonarista e voltem a defender o papel das instituições brasileiras nesse processo. Ele afirma que o que classifica como contradições do bolsonarismo ficará em evidência a partir de agora e que o Executivo precisa explorá-las.
Ele também diz que a prisão preventiva de Bolsonaro poderá tirar o tema da segurança pública, que vinha desgastando a imagem do governo federal, do foco do debate. Com informações da Folha de São Paulo.
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Governo vê desgaste de Bolsonaro, pressão por anistia e impactos no Congresso
Por outro lado, aliados de Lula reconhecem que a prisão pode ter consequências para o dia a dia no Congresso, com a ameaça de a oposição obstruir os trabalhos legislativos. (Foto: Reprodução)
Integrantes do governo Lula (PT) e aliados do presidente no Congresso afirmam que a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), no sábado (22), desgasta ainda mais a imagem do ex-presidente.
Eles reconhecem também que o episódio poderá ter impactos no Congresso, com potencial de a oposição obstruir votações. A pressão da direita pela anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro também está no radar, embora os governistas apontem que a tentativa de Bolsonaro violar sua tornozeleira eletrônica pode dificultar essa articulação.
A Polícia Federal prendeu preventivamente Bolsonaro pela manhã, na reta final do processo da trama golpista. Ele está na superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Ao determinar a prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), citou a violação da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro no início da madrugada, o risco de fuga dele para a embaixada dos EUA e uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.
Após a divulgação de vídeo em que Bolsonaro admite que fez uso de “ferro quente” para tentar abrir o dispositivo de monitoramento, integrantes do governo e aliados de Lula no Congresso voltaram a defender a legalidade da prisão, criticaram quem falou em “exageros” na decisão de Moraes e exaltaram o trabalho da Justiça.
De acordo com relatos, governistas deverão explorar o vídeo para desgatar a imagem do ex-presidente e de seus aliados, reforçando a narrativa de que Bolsonaro planejava fugir do país —o que também pode gerar críticas por parte dos apoiadores do ex-chefe do Executivo.
Aliados do petista dizem que essa prisão volta a prejudicar a posição do ex-presidente, ainda mais com essas evidências, e reforça a polarização entre esquerda a direita. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse que o vídeo “desmoraliza” os argumentos de quem criticou e falou em exageros na prisão preventiva do ex-presidente.
“Inacreditável, o vídeo desmoraliza qualquer argumento dos que criticaram a prisão, falando em exagero do ministro Alexandre de Moraes. Ele confessa tudo, é uma tentativa de fuga”, afirma.
O ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) adotou linha semelhante em publicação nas redes sociais. “Alguém ainda acha que ele não iria tentar fugir? Que a prisão foi ‘sem motivo’?”, escreveu.
Por outro lado, aliados de Lula reconhecem que a prisão pode ter consequências para o dia a dia no Congresso, com a ameaça de a oposição obstruir os trabalhos legislativos. Além disso, o episódio ocorre num momento em que a cúpula da Câmara e do Senado demonstram contrariedade com o governo federal, e a prisão poderá tensionar ainda mais a relação entre os três Poderes.
Em agosto, um grupo de deputados bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora por 30 horas em reação à prisão domiciliar de Bolsonaro. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse à reportagem na manhã deste sábado que já iria mobilizar a oposição para obstrução na Câmara. Ele não respondeu, no entanto, se esse movimento poderá levar a uma nova ocupação da Mesa.
Além disso, governistas reconhecem que haverá um aumento da pressão por parte de bolsonaristas sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) para que ele paute um projeto de lei da dosimetria das penas. O relator do projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse que a prisão deverá dar novo impulso ao projeto e que ela “facilita a negociação da dosimetria”. Ele nega um perdão amplo.
Na avaliação de governistas ouvidos pela reportagem, o avanço deste tema, neste momento, poderá representar uma afronta direta ao STF e até mesmo ao governo, que se opõe frontalmente à apreciação da matéria.
Um aliado do petista no Congresso diz que o momento exige que governistas partam para o embate político com o grupo bolsonarista e voltem a defender o papel das instituições brasileiras nesse processo. Ele afirma que o que classifica como contradições do bolsonarismo ficará em evidência a partir de agora e que o Executivo precisa explorá-las.
Ele também diz que a prisão preventiva de Bolsonaro poderá tirar o tema da segurança pública, que vinha desgastando a imagem do governo federal, do foco do debate. Com informações da Folha de São Paulo.
https://www.osul.com.br/governo-ve-desgaste-de-bolsonaro-pressao-por-anistia-e-impactos-no-congresso/
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