Chamado de “melancia” por aliados do ex-presidente, Richard Nunes afirma que legalidade era “única postura plausível”. (Foto: Reprodução)
Recém transferido à reserva enquanto ocupava o posto de chefe do Estado-Maior do Exército (o número dois da corporação), o general Richard Fernandez Nunes afirma que resistir aos apelos do bolsonarismo por um golpe era “a única postura plausível e imaginável para um chefe militar”.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o oficial, hoje diretor-geral do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), diz que a obrigação de líderes militares “com a responsabilidade que eu e outros tínhamos (integrava o Alto Comando do Exército) naquele momento (após a vitória de Lula e com as pressões por um golpe) era a de se manter estritamente conforme a legislação do país e no estrito cumprimento do dever legal”.
O general Richard – nome de guerra pelo qual é chamado – foi um dos personagens mais influentes da principal Força Armada nos últimos anos. Antes de ser chefe do Estado-Maior, foi comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), secretário de Segurança Pública do RJ durante a intervenção federal, chefe do Centro de Comunicação Social, comandante militar do Nordeste e chefe do Departamento de Educação e Cultura, entre outras funções.
Em meio à turbulência política iniciada após a vitória de Lula sobre Bolsonaro no segundo turno, que culminou com os ataques de 8 de Janeiro, bolsonaristas atacaram Richard e outros integrantes do Alto Comando do Exército por rejeitaram aderir a intentos golpistas para impedir a posse do presidente eleito.
Ainda que parte deles se identificasse com ideias bolsonaristas e compartilhasse críticas ao Judiciário e à imprensa feitas por correligionários do então presidente, foram chamados pelos acusadores de “generais melancia” – verdes por fora, pela cor da farda do Exército, e vermelhos por dentro (supostamente comunistas).
Indagado se chefes militares não foram coniventes com a politização das Forças Armadas, ao se integrar ao governo Bolsonaro ou ao incentivar os acampamentos golpistas em frente aos quarteis, Richard respondeu que o legalismo era a única saída, e complementou:
“Fiz isso (se manteve na legalidade), e se isso proporcionou narrativas críticas de determinadas pessoas descontentes, as quais inclusive normalmente não reconhecem ter feito nada de errado, então paciência”, declarou o general.
“Minha consciência está muito tranquila de que eu e o meu comandante naquele momento (foram três no período mais turbulento, Freire Gomes, Arruda e Tomás) tomamos as atitudes que deveríamos tomar e continuamos nessa mesma senda por toda a vida. Acho que isso é uma questão ética, de ser íntegro e fazer o que é certo, o que foi ensinado a fazer desde que entrou no Exército.”
O general Richard – que passou à reserva em agosto e assumiu o Censipam em setembro – não quis fazer comentários sobre a condenação de Bolsonaro e militares de alta patente pelo Supremo Tribunal Federal.
“Esse é um assunto que esteve sempre na esfera judicial, e quem deve opinar sobre isso é quem atua no Ministério Público ou no Poder Judiciário. Não cabe a mim nenhum tipo de comentário nesse sentido.”
Nomeado secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro em 2018 pelo interventor Braga Netto, durante a intervenção federal no setor, Richard tampouco quis comentar a recente operação policial nos complexos da Penha e do Alemão que resultou em 121 mortes.
“Não acompanho mais a segurança pública no Rio de Janeiro, a não ser como um cidadão que acompanha pela mídia, então é difícil opinar quando não se domina os meandros e informações necessárias a uma tomada de decisão.”
O general, porém, observou que, no centro que dirige atualmente – um órgão de geointeligência cujo objetivo autodeclarado é “promover a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável” por meio de captação de dados – o combate a ilícitos na Amazônia e nas fronteiras é relevante.
“É um dos nossos pontos-chave de atuação. Estamos implantando o Laboratório Integrado de Geointeligência, para modelagem das redes de crime organizado que atuam na Amazônia. Aí sim, a minha experiência conta. Não tenho dúvida que só se combate facções do crime organizado com sofisticação tanto na parte de inteligência como na parte operacional.” (Com informações da Folha de S.Paulo)
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Em entrevista à Folha de S.Paulo, o oficial, hoje diretor-geral do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), diz que a obrigação de líderes militares “com a responsabilidade que eu e outros tínhamos (integrava o Alto Comando do Exército) naquele momento (após a vitória de Lula e com as pressões por um golpe) era a de se manter estritamente conforme a legislação do país e no estrito cumprimento do dever legal”.
O general Richard – nome de guerra pelo qual é chamado – foi um dos personagens mais influentes da principal Força Armada nos últimos anos. Antes de ser chefe do Estado-Maior, foi comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), secretário de Segurança Pública do RJ durante a intervenção federal, chefe do Centro de Comunicação Social, comandante militar do Nordeste e chefe do Departamento de Educação e Cultura, entre outras funções.
Em meio à turbulência política iniciada após a vitória de Lula sobre Bolsonaro no segundo turno, que culminou com os ataques de 8 de Janeiro, bolsonaristas atacaram Richard e outros integrantes do Alto Comando do Exército por rejeitaram aderir a intentos golpistas para impedir a posse do presidente eleito.
Ainda que parte deles se identificasse com ideias bolsonaristas e compartilhasse críticas ao Judiciário e à imprensa feitas por correligionários do então presidente, foram chamados pelos acusadores de “generais melancia” – verdes por fora, pela cor da farda do Exército, e vermelhos por dentro (supostamente comunistas).
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“Fiz isso (se manteve na legalidade), e se isso proporcionou narrativas críticas de determinadas pessoas descontentes, as quais inclusive normalmente não reconhecem ter feito nada de errado, então paciência”, declarou o general.
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O general Richard – que passou à reserva em agosto e assumiu o Censipam em setembro – não quis fazer comentários sobre a condenação de Bolsonaro e militares de alta patente pelo Supremo Tribunal Federal.
“Esse é um assunto que esteve sempre na esfera judicial, e quem deve opinar sobre isso é quem atua no Ministério Público ou no Poder Judiciário. Não cabe a mim nenhum tipo de comentário nesse sentido.”
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“Não acompanho mais a segurança pública no Rio de Janeiro, a não ser como um cidadão que acompanha pela mídia, então é difícil opinar quando não se domina os meandros e informações necessárias a uma tomada de decisão.”
O general, porém, observou que, no centro que dirige atualmente – um órgão de geointeligência cujo objetivo autodeclarado é “promover a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável” por meio de captação de dados – o combate a ilícitos na Amazônia e nas fronteiras é relevante.
“É um dos nossos pontos-chave de atuação. Estamos implantando o Laboratório Integrado de Geointeligência, para modelagem das redes de crime organizado que atuam na Amazônia. Aí sim, a minha experiência conta. Não tenho dúvida que só se combate facções do crime organizado com sofisticação tanto na parte de inteligência como na parte operacional.” (Com informações da Folha de S.Paulo)
https://www.osul.com.br/general-atacado-por-bolsonaristas-critica-quem-nao-reconhece-erro-e-diz-que-o-exercito-respeita-a-lei/
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