Galípolo mantém contato próximo com o presidente e ainda não recebeu ataques diretos do petistas, que eram cotidianos na gestão de seu antecessor, Roberto Campos Neto. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
No último domingo de setembro, um dia de sol forte em Brasília, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, juntou-se a integrantes do primeiro escalão do governo e ao presidente Lula para participar de uma corrida de comemoração aos 95 anos do Ministério da Educação (MEC).
Em trajes esportivos bem diferentes das roupas formais que usam no dia a dia, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o economista engataram uma conversa que rapidamente desaguou em um debate sobre a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano.
Responsável por tornar pública a colaboração de Galípolo com o PT ao levá-lo a um jantar com empresários durante a pré-campanha presidencial de 2022, a ministra tem argumentado que não há sentido em manter uma taxa de juros (descontada a inflação) real de 10%, mesmo argumento usado por integrantes do governo.
O episódio ilustra como as discussões sobre a taxa de juros passaram a dominar a preocupação dos principais integrantes do governo, que veem no tema um possível obstáculo para Lula em sua disputa pela reeleição no ano que vem, com o desaquecimento da economia.
Depois da conversa entre Gleisi e Galípolo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC fez mais uma reunião na última quarta-feira e novamente manteve os juros em 15%. Foi o suficiente para que a ministra, que sempre age alinhada com o pensamento de Lula, passasse a fazer críticas nominais ao chefe do BC.
“Eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar”, afirmou, em entrevista à Agência Estado.
Até então as críticas de Gleisi, assim como as de outros ministros, não citavam o presidente do BC.
Mas, apesar da frustração, Galípolo mantém contato próximo com o presidente e ainda não recebeu ataques diretos do petistas, que eram cotidianos na gestão de seu antecessor, Roberto Campos Neto.
Sob o comando de Galípolo, o Copom entregou quatro altas de juros, no total de 2,75 pontos percentuais, e desde junho mantém a taxa em um recorde de quase duas décadas para puxar a inflação para a meta de 3%.
Na última quarta-feira, o BC renovou o compromisso com a estabilidade da Selic “por período bastante prolongado”, sem abrir qualquer brecha para o início de uma discussão sobre cortes, que devem começar só em 2026, ano eleitoral. Foi uma decisão unânime, ou seja, nenhum diretor indicado por Lula votou pela redução dos juros.
Sentimento de ‘frustração’
Se, no início da gestão de Galípolo, o governo deu uma colher de chá, culpando a “herança maldita” da anterior, a firmeza do BC em manter o nível elevado dos juros por longo período azedou a relação. O sentimento no Planalto hoje é de “frustração” em relação às expectativas alimentadas com a indicação de Galípolo. Além de Gleisi, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já chegou a dizer que os juros “nem deveriam estar em 15%”.
Um dos pontos sempre lembrados é que pior que o juro alto é a disparada de preços, especialmente para as classes mais baixas. Ele costuma dizer também que aceitou o posto para atuar de acordo com a sua consciência.
As projeções de inflação, usadas para calibrar a dosagem dos juros, ainda estão acima da meta de 3% até o segundo trimestre de 2027 (3,3%), segundo o comunicado do Copom desta semana. O objetivo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado em que o governo tem dois dos três assentos, tem um limite máximo de 4,5%, mas Galípolo tem enfatizado que a missão do BC é levar a inflação para o centro da meta de 3%, não para o teto de tolerância. Com informações do portal O Globo.
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Sentimento de ‘frustração’
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Um dos pontos sempre lembrados é que pior que o juro alto é a disparada de preços, especialmente para as classes mais baixas. Ele costuma dizer também que aceitou o posto para atuar de acordo com a sua consciência.
As projeções de inflação, usadas para calibrar a dosagem dos juros, ainda estão acima da meta de 3% até o segundo trimestre de 2027 (3,3%), segundo o comunicado do Copom desta semana. O objetivo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado em que o governo tem dois dos três assentos, tem um limite máximo de 4,5%, mas Galípolo tem enfatizado que a missão do BC é levar a inflação para o centro da meta de 3%, não para o teto de tolerância. Com informações do portal O Globo.
https://www.osul.com.br/chefe-do-banco-central-passa-de-menino-de-ouro-de-lula-a-alvo-de-criticas-na-cupula-do-poder-em-brasilia/
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