Amazon restabeleceu o serviço da AWS depois de cerca de 15 horas. (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)
Uma pane no serviço da Amazon Web Services (AWS), maior provedora de cloud computing (computação em nuvem) do mundo, expôs na semana passada a vulnerabilidade e a dependência generalizada de uma camada quase invisível da internet.
O incidente mostrou que a chamada “nuvem”, parte da infraestrutura da rede responsável por armazenar e processar dados de empresas, governos e instituições a milhares de quilômetros de distância, pode provocar um apagão global.
A falha do serviço de nuvem da provedora, um braço lucrativo da plataforma de e-commerce americana do bilionário Jeff Bezos, afetou o funcionamento de centenas de sites, apps de bancos, comércio eletrônico e redes sociais, além de sistemas de empresas ao redor do globo na última segunda-feira, deixando parte da internet indisponível por 15 horas. Atrapalhou gamers adeptos do Fortnite e até a Alexa, assistente digital da própria Amazon.
Para especialistas, a pane revela como essa parte da engrenagem de serviços essenciais hoje em dia está concentrada em poucas companhias e suscetível a interrupções que só evidenciam a existência desses sistemas quando deixam de funcionar.
Em junho, o Google Cloud amargou falhas intermitentes. Uma incidente na nuvem da big tech impactou tanto seus serviços, como Gmail, Agenda, Meet e Docs, quanto os de terceiros. Aplicativos como Spotify, Snapchat, Discord, Twitch, GitLab e Shopify, que impulsionam o consumo e o fluxo de trabalho de milhões de pessoas, foram afetados.
No ano passado, foi a vez da CrowdStrike, que atua na área de cibersegurança e proteção de endpoints (dispositivos ligados a uma rede, como computadores). Um erro na atualização do seu software derrubou milhões de computadores com Windows, causando falhas nas operações de companhias aéreas, bancos, hospitais e governos.
Impacto em larga escala
Marcos Barreto, professor da Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e da Fundação Vanzolini, diz que todos os provedores de nuvem e de cibersegurança estão sujeitos a falhas, erros de funcionamento e ataques externos. O que esses episódios escancaram é a concentração das aplicações em poucos provedores de nuvem, o que amplia os efeitos de uma pane.
Os serviços da AWS — que incluem armazenamento de dados e capacidade de processamento — respondem por quase um terço do mercado global de computação em nuvem. Faturou US$ 29,3 bilhões segundo trimestre deste ano, 17% da receita total da Amazon. Esse braço da companhia supera outras gigantes da computação em nuvem, como Microsoft Azure (US$ 20 bilhões), Google Cloud (US$ 12,8 bilhões) e Alibaba (US$ 3,6 bilhões), segundo dados da Synergy Research Group.
Origem da pane
A pane da AWS, segundo a empresa, teve origem em um erro em seu principal e mais antigo polo de data centers dedicados à computação em nuvem, no norte da Virgínia, nos EUA, que concentra várias das chamadas zonas de disponibilidade. Criado em 2006, já sofreu três grandes interrupções nos últimos cinco anos.
Barreto explica que, para reduzir o risco de indisponibilidade, empresas que alugam parte dos servidores de uma provedora de nuvem geralmente configuram sistemas críticos para funcionar em mais de uma zona. Isso significa que, se um falhar, outro pode assumir e garantir o funcionamento do sistema, sem interrupção visível para o usuário. Mas operar sob essa lógica custa caro. Algumas empresas só replicam dados em uma segunda zona para recuperação rápida, mas não necessariamente para operação contínua. Em caso de falha, a troca pode exigir mais tempo.
Pressão aumenta
Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), há uma percepção das empresas de que as grandes provedoras de nuvem possuem medidas de proteção que tornam apagões em escala global mais raros e menos usuais do que poderiam ser, considerando todo o volume de ataques e vulnerabilidades que acontecem diariamente. Ainda assim, incidentes como o mais recente da AWS expõem como qualquer situação de vulnerabilidade ou indisponibilidade têm um alcance expressivo hoje em dia.
Com grande parte das nossas vidas dependendo dos sistemas digitais hoje em dia, a pressão sobre os serviços de nuvem só aumenta, e eventos como esses destacam a fragilidade desses sistemas, diz:
“Vivemos em um momento que a internet e os serviços digitais mais funcionam do que não. Já estamos muito acostumados de que os serviços serão disponibilizados e estarão lá ‘24 por 7’. E a nuvem é uma pré-condição de tudo isso”, conclui Affonso. (Com informações de O Globo)
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O incidente mostrou que a chamada “nuvem”, parte da infraestrutura da rede responsável por armazenar e processar dados de empresas, governos e instituições a milhares de quilômetros de distância, pode provocar um apagão global.
A falha do serviço de nuvem da provedora, um braço lucrativo da plataforma de e-commerce americana do bilionário Jeff Bezos, afetou o funcionamento de centenas de sites, apps de bancos, comércio eletrônico e redes sociais, além de sistemas de empresas ao redor do globo na última segunda-feira, deixando parte da internet indisponível por 15 horas. Atrapalhou gamers adeptos do Fortnite e até a Alexa, assistente digital da própria Amazon.
Para especialistas, a pane revela como essa parte da engrenagem de serviços essenciais hoje em dia está concentrada em poucas companhias e suscetível a interrupções que só evidenciam a existência desses sistemas quando deixam de funcionar.
Em junho, o Google Cloud amargou falhas intermitentes. Uma incidente na nuvem da big tech impactou tanto seus serviços, como Gmail, Agenda, Meet e Docs, quanto os de terceiros. Aplicativos como Spotify, Snapchat, Discord, Twitch, GitLab e Shopify, que impulsionam o consumo e o fluxo de trabalho de milhões de pessoas, foram afetados.
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Impacto em larga escala
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Origem da pane
A pane da AWS, segundo a empresa, teve origem em um erro em seu principal e mais antigo polo de data centers dedicados à computação em nuvem, no norte da Virgínia, nos EUA, que concentra várias das chamadas zonas de disponibilidade. Criado em 2006, já sofreu três grandes interrupções nos últimos cinco anos.
Barreto explica que, para reduzir o risco de indisponibilidade, empresas que alugam parte dos servidores de uma provedora de nuvem geralmente configuram sistemas críticos para funcionar em mais de uma zona. Isso significa que, se um falhar, outro pode assumir e garantir o funcionamento do sistema, sem interrupção visível para o usuário. Mas operar sob essa lógica custa caro. Algumas empresas só replicam dados em uma segunda zona para recuperação rápida, mas não necessariamente para operação contínua. Em caso de falha, a troca pode exigir mais tempo.
Pressão aumenta
Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), há uma percepção das empresas de que as grandes provedoras de nuvem possuem medidas de proteção que tornam apagões em escala global mais raros e menos usuais do que poderiam ser, considerando todo o volume de ataques e vulnerabilidades que acontecem diariamente. Ainda assim, incidentes como o mais recente da AWS expõem como qualquer situação de vulnerabilidade ou indisponibilidade têm um alcance expressivo hoje em dia.
Com grande parte das nossas vidas dependendo dos sistemas digitais hoje em dia, a pressão sobre os serviços de nuvem só aumenta, e eventos como esses destacam a fragilidade desses sistemas, diz:
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2025-10-26
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