Rejeição de senadores à PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, estremeceu relação entre chefes do Legislativo. (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)
Aliados de primeira hora quando eleitos em 1º de fevereiro, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se afastaram e aliados falam em relação estremecida desde que os senadores derrubaram a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Blindagem.
A situação está longe de um rompimento. Ambos conversam frequentemente, em eventos e por telefone, mas a atuação política deixou de ser alinhada previamente e novos embates começaram a surgir. Isso, afirmam congressistas, tem afetado o andamento de propostas, levando a pautas paradas após serem aprovadas por uma das Casas.
Líderes do centrão destacam que isso pode enfraquecer também o Congresso na disputa com outros Poderes. Nas palavras de um deles, uma rixa entre deputados e senadores enfraquece o Legislativo como um todo. Políticos com interlocução com os chefes da Câmara e do Senado tentam distensionar o clima para contornar isso.
Segundo ele, uma opção pode ser travar projetos de interesse dos senadores ou até mesmo rejeitar mudanças que o Senado venha a fazer em projetos que voltarem à Câmara – como a segunda etapa da regulamentação da reforma tributária, modificada pelos senadores e que agora terá essas mudanças submetidas ao escrutínio dos deputados.
Um aliado de Motta diz ainda que esse estremecimento na relação entre ele e Alcolumbre é natural depois do prejuízo que o senador teria causado à imagem do deputado. Além de ser criticado junto à opinião pública, o presidente da Câmara passou a ser contestado pelos deputados, que viram ainda mais abalada sua sustentação no comando da Casa.
Embora pareça mera questão processual, o rito é relevante para a elaboração das leis e define, no final das contas, quem dará a última palavra, se a Câmara ou o Senado, sobre o conteúdo dos projetos antes que sigam para sanção presidencial. A Casa que inicia a tramitação da proposta tem a prerrogativa de rejeitar as alterações feitas pela outra.
A mudança já causou embates no projeto do mercado de carbono, mas a primeira divergência na gestão Motta/Alcolumbre ocorreu há duas semanas, quando a Câmara aprovou a regulamentação do streaming. O Senado já tinha aprovado um texto sobre o assunto, mas ele foi deixado de lado.
Outro embate é sobre a gratuidade do transporte de uma mala de mão nos voos nacionais. Motta anunciou que trataria do tema, mas o Senado correu e votou uma proposta antes. Agora, cada Casa tem um projeto aguardando deliberação pela outra.
A situação atual é muito diferente do começo da gestão deles, marcada por uma dobradinha na política. Eles atuaram unidos para destravar o pagamento das emendas parlamentares, combinaram de esvaziar uma MP (medida provisória) do governo Lula para desgastar o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e viajaram juntos para eventos como o São João em Petrolina e o Festival de Parintins, no Amazonas.
Motta destravou também uma das principais demandas do Senado, mesmo que isso tenha significado diminuir o poder da Câmara: permitiu a volta das comissões do Congresso para as MPs, que estavam bloqueadas por ordem de Lira em sua rixa pessoal com Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Lira e Pacheco, então presidentes da Câmara e do Senado, viveram às turras durante grande parte de suas gestões. Projetos aprovados em uma Casa travaram na outra, a Câmara bloqueou a instalação das comissões mistas e eles passaram meses sem conversar, trocando recados apenas por interlocutores.
Motta e Alcolumbre foram eleitos com a promessa de mudar isso, e nos primeiros meses atuaram muito alinhados. Mas a relação esfriou depois da PEC da Blindagem, que o presidente da Câmara tinha se empenhado pessoalmente para aprovar.
A rejeição foi seguida por acusações, nos bastidores, de traição. Motta tinha prometido aos deputados que havia acordo com o Senado para uma aprovação rápida. Mas milhares de pessoas tomaram as ruas em protesto contra a proposta, Alcolumbre a despachou para uma comissão e lá ela foi derrubada por unanimidade. (Com informações da Folha de S.Paulo)
https://www.osul.com.br/relacao-dos-presidentes-do-senado-e-da-camara-dos-deputados-esfria-e-congresso-nacional-vive-embates/ Relação dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados esfria, e Congresso Nacional vive embates 2025-11-17
Lula afirmou que Brasil e Indonésia são duas nações determinadas a assumir seus lugares em uma ordem mundial em profunda transformação. (Foto: Ricardo Stuckert/PR) Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Prabowo Subianto (Indonésia) se reuniram nesta semana. Trataram de questões comerciais, como a liberação do frango brasileiro para o programa do governo …
Segundo aliados, Motta tem dito que a Câmara “vai seguir a lei”. (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados) O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou a interlocutores que a Casa deve cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal e declarar a perda do mandato do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). O ex-diretor da Agência …
Galípolo mantém contato próximo com o presidente e ainda não recebeu ataques diretos do petistas, que eram cotidianos na gestão de seu antecessor, Roberto Campos Neto. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil) No último domingo de setembro, um dia de sol forte em Brasília, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, juntou-se a integrantes do primeiro …
Trump decidiu retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris e tem histórico de posicionamentos negacionistas na seara climática. (Foto: Reprodução) Na última Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Donald Trump surpreendeu o mundo ao afirmar que tinha se encontrado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que, naquele breve …
Relação dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados esfria, e Congresso Nacional vive embates
Rejeição de senadores à PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, estremeceu relação entre chefes do Legislativo. (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)
Aliados de primeira hora quando eleitos em 1º de fevereiro, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se afastaram e aliados falam em relação estremecida desde que os senadores derrubaram a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Blindagem.
A situação está longe de um rompimento. Ambos conversam frequentemente, em eventos e por telefone, mas a atuação política deixou de ser alinhada previamente e novos embates começaram a surgir. Isso, afirmam congressistas, tem afetado o andamento de propostas, levando a pautas paradas após serem aprovadas por uma das Casas.
Líderes do centrão destacam que isso pode enfraquecer também o Congresso na disputa com outros Poderes. Nas palavras de um deles, uma rixa entre deputados e senadores enfraquece o Legislativo como um todo. Políticos com interlocução com os chefes da Câmara e do Senado tentam distensionar o clima para contornar isso.
Segundo ele, uma opção pode ser travar projetos de interesse dos senadores ou até mesmo rejeitar mudanças que o Senado venha a fazer em projetos que voltarem à Câmara – como a segunda etapa da regulamentação da reforma tributária, modificada pelos senadores e que agora terá essas mudanças submetidas ao escrutínio dos deputados.
Um aliado de Motta diz ainda que esse estremecimento na relação entre ele e Alcolumbre é natural depois do prejuízo que o senador teria causado à imagem do deputado. Além de ser criticado junto à opinião pública, o presidente da Câmara passou a ser contestado pelos deputados, que viram ainda mais abalada sua sustentação no comando da Casa.
Embora pareça mera questão processual, o rito é relevante para a elaboração das leis e define, no final das contas, quem dará a última palavra, se a Câmara ou o Senado, sobre o conteúdo dos projetos antes que sigam para sanção presidencial. A Casa que inicia a tramitação da proposta tem a prerrogativa de rejeitar as alterações feitas pela outra.
A mudança já causou embates no projeto do mercado de carbono, mas a primeira divergência na gestão Motta/Alcolumbre ocorreu há duas semanas, quando a Câmara aprovou a regulamentação do streaming. O Senado já tinha aprovado um texto sobre o assunto, mas ele foi deixado de lado.
Outro embate é sobre a gratuidade do transporte de uma mala de mão nos voos nacionais. Motta anunciou que trataria do tema, mas o Senado correu e votou uma proposta antes. Agora, cada Casa tem um projeto aguardando deliberação pela outra.
A situação atual é muito diferente do começo da gestão deles, marcada por uma dobradinha na política. Eles atuaram unidos para destravar o pagamento das emendas parlamentares, combinaram de esvaziar uma MP (medida provisória) do governo Lula para desgastar o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e viajaram juntos para eventos como o São João em Petrolina e o Festival de Parintins, no Amazonas.
Motta destravou também uma das principais demandas do Senado, mesmo que isso tenha significado diminuir o poder da Câmara: permitiu a volta das comissões do Congresso para as MPs, que estavam bloqueadas por ordem de Lira em sua rixa pessoal com Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Lira e Pacheco, então presidentes da Câmara e do Senado, viveram às turras durante grande parte de suas gestões. Projetos aprovados em uma Casa travaram na outra, a Câmara bloqueou a instalação das comissões mistas e eles passaram meses sem conversar, trocando recados apenas por interlocutores.
Motta e Alcolumbre foram eleitos com a promessa de mudar isso, e nos primeiros meses atuaram muito alinhados. Mas a relação esfriou depois da PEC da Blindagem, que o presidente da Câmara tinha se empenhado pessoalmente para aprovar.
A rejeição foi seguida por acusações, nos bastidores, de traição. Motta tinha prometido aos deputados que havia acordo com o Senado para uma aprovação rápida. Mas milhares de pessoas tomaram as ruas em protesto contra a proposta, Alcolumbre a despachou para uma comissão e lá ela foi derrubada por unanimidade. (Com informações da Folha de S.Paulo)
https://www.osul.com.br/relacao-dos-presidentes-do-senado-e-da-camara-dos-deputados-esfria-e-congresso-nacional-vive-embates/
Relação dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados esfria, e Congresso Nacional vive embates
2025-11-17
Related Posts
Lula volta a defender uso de moeda própria nas trocas comerciais
Lula afirmou que Brasil e Indonésia são duas nações determinadas a assumir seus lugares em uma ordem mundial em profunda transformação. (Foto: Ricardo Stuckert/PR) Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Prabowo Subianto (Indonésia) se reuniram nesta semana. Trataram de questões comerciais, como a liberação do frango brasileiro para o programa do governo …
O presidente da Câmara dos Deputados deve cumprir a decisão do Supremo e declarar a perda de mandato do deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência
Segundo aliados, Motta tem dito que a Câmara “vai seguir a lei”. (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados) O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou a interlocutores que a Casa deve cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal e declarar a perda do mandato do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). O ex-diretor da Agência …
Chefe do Banco Central passa de “menino de ouro” de Lula a alvo de críticas na cúpula do poder em Brasília
Galípolo mantém contato próximo com o presidente e ainda não recebeu ataques diretos do petistas, que eram cotidianos na gestão de seu antecessor, Roberto Campos Neto. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil) No último domingo de setembro, um dia de sol forte em Brasília, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, juntou-se a integrantes do primeiro …
Estados Unidos não enviarão representantes à Cúpula de Líderes, que acontece nas próximas quinta e sexta-feira em Belém do Pará, antecedendo a COP30
Trump decidiu retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris e tem histórico de posicionamentos negacionistas na seara climática. (Foto: Reprodução) Na última Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Donald Trump surpreendeu o mundo ao afirmar que tinha se encontrado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que, naquele breve …