Um senador governista ponderou que Lula ainda tem cartas para jogar sobre a mesa. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O placar apertado para a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, na noite de quarta-feira (12) do Senado, foi interpretado como um recado de insatisfação do grupo ligado ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que deseja a nomeação do ex-presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o Supremo Tribunal Federal (STF). Diante da pressão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adiar novamente a indicação para a vaga na Corte.
“Política é paciência, e Lula é um dos mais pacientes”, disse ao Jornal Valor um aliado do petista, ponderando que ele sabe jogar com o tempo quando necessário. Fontes do Senado que acompanham de perto os bastidores dessa articulação avaliam que, diante do impasse, Lula não deve enviar ao Senado a mensagem com o nome do escolhido para o Supremo antes de 24 de novembro. A semana que vem será esvaziada em Brasília em razão do feriado do dia 20 (Consciência Negra), e o presidente quer aproveitar o prazo para ampliar o diálogo com senadores e ministros da Corte e reavaliar o cenário.
Quando embarcou para a viagem à Indonésia e Malásia, no fim de outubro, o presidente queria deixar pronta a indicação do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para a vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, mas foi aconselhado a esperar. Lula deu um tempo, e ampliou o prazo, com a viagem para Belém (PA), onde participou da Conferência Mundial do Clima (COP30). De volta, foi novamente advertido por interlocutores de Alcolumbre de que seu escolhido ainda não tinha reunido apoio suficiente para ser referendado pela Casa.
Uma fonte do núcleo mais próximo de Lula argumentou que o presidente é muito cioso de suas prerrogativas, que não renunciará ao direito de indicar quem quiser para a vaga no STF, e já deu a palavra a Messias de que chegou a vez dele, após as nomeações de Cristiano Zanin e Flávio Dino. Acrescentou que o embate está contaminado pela eleição de 2026, e qualquer prognóstico no calor do momento é “artificial”.
Em contrapartida, uma outra fonte, esta do núcleo mais próximo de Alcolumbre, observou que a indicação é um direito do chefe do Executivo, da mesma forma que cabe aos senadores a prerrogativa de referendar, ou não, essa escolha. “É uma indicação política, também depende do ambiente político”, afirmou.
Acrescentou que, neste caso, o mundo político inclina-se por Pacheco, e não por Messias. Senadores, inclusive de partidos da base lulista, alegam que é inédita a colocação do nome de um senador que foi duas vezes presidente do Senado para o STF, já que aliados de Messias contrapõem que Dino era senador. “E Pacheco foi um dos presidentes mais queridos”, assinalou um emedebista.
Um senador governista ponderou que Lula ainda tem cartas para jogar sobre a mesa. Os senadores querem Pacheco no STF, mas, igualmente, manifestam interesse em mais uma série de cargos relevantes. Nos próximos meses, virão à tona vagas em postos estratégicos, como a presidência e a superintendência do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) e diretorias no Banco Central, todos sujeitos ao escrutínio final dos senadores.
O plenário do Senado deu 45 votos favoráveis a Gonet, apenas 4 a mais do que os 41 necessários para que ele fosse reconduzido ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo uma fonte do Senado, esse número revela que Alcolumbre não intercedeu com afinco por Gonet, em uma mensagem de que o indicado de Lula pode correr risco se não contar com o empenho do grupo do presidente da Casa pela sua aprovação. Em uma conversa anterior, Alcolumbre ponderou a Lula que não poderia trabalhar contra Pacheco, que além de um de seus aliados mais próximos, é seu amigo.
Simultaneamente, Lula foi aconselhado a refletir sobre a governabilidade, em uma conjuntura em que, nas crises recentes, contou mais vezes com Alcolumbre do que com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta(Republicanos-PB). Nesse cabo de guerra, Lula jogará com o tempo para tentar ampliar as chances de Messias, até reavaliar a temperatura da crise.
Na manhã de quinta-feira (13), após ser questionado pelo Valor, Pacheco afirmou que ainda não havia sido contatado por Lula para um encontro. Ele também minimizou o placar apertado da aprovação de Gonet. “Acho que essas dificuldades do governo já existem há algum tempo. Em relação a diversos temas, não só a indicações propriamente, tivemos sempre margens muito apertadas”, disse. Com informações do portal Valor Econômico.
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Acrescentou que, neste caso, o mundo político inclina-se por Pacheco, e não por Messias. Senadores, inclusive de partidos da base lulista, alegam que é inédita a colocação do nome de um senador que foi duas vezes presidente do Senado para o STF, já que aliados de Messias contrapõem que Dino era senador. “E Pacheco foi um dos presidentes mais queridos”, assinalou um emedebista.
Um senador governista ponderou que Lula ainda tem cartas para jogar sobre a mesa. Os senadores querem Pacheco no STF, mas, igualmente, manifestam interesse em mais uma série de cargos relevantes. Nos próximos meses, virão à tona vagas em postos estratégicos, como a presidência e a superintendência do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) e diretorias no Banco Central, todos sujeitos ao escrutínio final dos senadores.
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Simultaneamente, Lula foi aconselhado a refletir sobre a governabilidade, em uma conjuntura em que, nas crises recentes, contou mais vezes com Alcolumbre do que com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta(Republicanos-PB). Nesse cabo de guerra, Lula jogará com o tempo para tentar ampliar as chances de Messias, até reavaliar a temperatura da crise.
Na manhã de quinta-feira (13), após ser questionado pelo Valor, Pacheco afirmou que ainda não havia sido contatado por Lula para um encontro. Ele também minimizou o placar apertado da aprovação de Gonet. “Acho que essas dificuldades do governo já existem há algum tempo. Em relação a diversos temas, não só a indicações propriamente, tivemos sempre margens muito apertadas”, disse. Com informações do portal Valor Econômico.
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