Advogados vão atacar o cálculo das penas e tentar levar caso ao plenário. (Foto: Luiz Silveira/STF)
As defesas dos oito réus condenados na ação penal da trama golpista já preparam a argumentação para contestar o resultado do julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após a condenação de Jair Bolsonaro e aliados – a maioria sentenciada a mais de 20 anos de prisão –, os chamados embargos de declaração, que buscam esclarecer pontos da decisão, serão usados para tentar questionar inconsistências no cálculo das penas e beneficiar os clientes com uma punição menor.
Já a apresentação de embargos infringentes, instrumento com pouca chance de ser admitido, busca forçar uma reanálise do mérito do caso e levá-lo ao plenário do STF. Boa parte dos advogados também deve apelar para que o cumprimento da pena ocorra em prisão domiciliar sob o pretexto de problemas de saúde e idade avançada de parte dos condenados.
É o caso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. O advogado Paulo Bueno já avisou que deve protocolar uma solicitação para que o ex-mandatário seja mantido em sua casa, em Brasília. Isso deve ocorrer logo após a publicação do acordão (formalização da decisão do colegiado), que deve ser publicado em até 60 dias.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. A pena foi decidida pela Primeira Turma do STF por 4 votos a 1. Segundo Bueno, os votos dos ministros tiveram “omissões” e “contradições”, o que deve ensejar embargos de declarações.
“Já vemos algumas omissões. Por exemplo, a questão de organização criminosa armada. Não havia armas”, disse o defensor.
Outro ponto que deve ser abordado pelos advogados são os critérios adotados na dosimetria das penas. Segundo os defensores, houve muita subjetividade dos ministros na definição dos agravantes, que ainda podem ser atenuados.
Na hora de votar pela condenação, o ministro Flávio Dino apontou que houve uma participação de “menor importância” dos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e do deputado Alexandre Ramagem, que acabaram sendo condenados a penas entre 16 e 21 anos. Isso deve ser explorado pelos advogados.
Matheus Milanez, que faz a defesa do general Augusto Heleno, afirmou que deve entrar com embargos de declaração apontando que algumas teses da defesa não foram analisadas pelos ministros.
Embargos infringentes
Advogados admitem que é remota a chance de os embargos infringentes prosperarem. Isso porque há um entendimento consolidado do STF de que não é possível admiti-lo com um placar de 4 a 1 ou unanimidade na condenação dos réus. Seria preciso a divergência de pelo menos dois magistrados para o recebimento do recurso.
Durante o julgamento, Bolsonaro e mais cinco réus foram condenados por 4 a 1, com divergência levantada por Luiz Fux, que votou pela absolvição de todos os crimes desses acusados.
Em dois placares de 5 a 0, Fux votou pela condenação do general Braga Netto e do ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito.
A Corte já rejeitou trâmite de embargos infringentes contra decisão de turmas apontando que deveria haver ao menos dois votos em favor do réu para permitir o tipo de recurso. A regra surgiu em 2018, no processo de condenação de Paulo Maluf.
O prazo para apresentação deste tipo de embargo é 15 dias após a publicação do acórdão.
Mesmo assim, os advogados se baseiam no texto do Regimento Interno do STF para fazer o pedido. Apesar da jurisprudência já consolidada, a regra define que “cabem embargos infringentes à decisão não unânime do Plenário ou da Turma”, sem uma referência a dois votos.
O advogado Demóstenes Torres, que defende o almirante Almir Garnier, afirmou que irá usar “tudo o que for possível” para reverter a condenação, inclusive os embargos infringentes.
“O regimento interno permite. Se eles não quiserem, que digam que não cabe. Mas, regimentalmente, cabe”, disse Demóstenes.
O advogado Eumar Novacki, que representa o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, foi na mesma linha e afirmou que está avaliando a possibilidade.
Se os embargos forem rejeitados e não houver outros recursos cabíveis, a decisão da Primeira Turma transitará em julgado, momento em que se esgotam as possibilidades de contestação.
A partir de então a condenação se torna definitiva e Bolsonaro e os outros sete réus podem começar a cumprir pena. (Com informações do jornal O Globo)
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Advogados vão atacar o cálculo das penas e tentar levar caso ao plenário. (Foto: Luiz Silveira/STF)
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Já a apresentação de embargos infringentes, instrumento com pouca chance de ser admitido, busca forçar uma reanálise do mérito do caso e levá-lo ao plenário do STF. Boa parte dos advogados também deve apelar para que o cumprimento da pena ocorra em prisão domiciliar sob o pretexto de problemas de saúde e idade avançada de parte dos condenados.
É o caso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. O advogado Paulo Bueno já avisou que deve protocolar uma solicitação para que o ex-mandatário seja mantido em sua casa, em Brasília. Isso deve ocorrer logo após a publicação do acordão (formalização da decisão do colegiado), que deve ser publicado em até 60 dias.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. A pena foi decidida pela Primeira Turma do STF por 4 votos a 1. Segundo Bueno, os votos dos ministros tiveram “omissões” e “contradições”, o que deve ensejar embargos de declarações.
“Já vemos algumas omissões. Por exemplo, a questão de organização criminosa armada. Não havia armas”, disse o defensor.
Outro ponto que deve ser abordado pelos advogados são os critérios adotados na dosimetria das penas. Segundo os defensores, houve muita subjetividade dos ministros na definição dos agravantes, que ainda podem ser atenuados.
Na hora de votar pela condenação, o ministro Flávio Dino apontou que houve uma participação de “menor importância” dos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e do deputado Alexandre Ramagem, que acabaram sendo condenados a penas entre 16 e 21 anos. Isso deve ser explorado pelos advogados.
Matheus Milanez, que faz a defesa do general Augusto Heleno, afirmou que deve entrar com embargos de declaração apontando que algumas teses da defesa não foram analisadas pelos ministros.
Embargos infringentes
Advogados admitem que é remota a chance de os embargos infringentes prosperarem. Isso porque há um entendimento consolidado do STF de que não é possível admiti-lo com um placar de 4 a 1 ou unanimidade na condenação dos réus. Seria preciso a divergência de pelo menos dois magistrados para o recebimento do recurso.
Durante o julgamento, Bolsonaro e mais cinco réus foram condenados por 4 a 1, com divergência levantada por Luiz Fux, que votou pela absolvição de todos os crimes desses acusados.
Em dois placares de 5 a 0, Fux votou pela condenação do general Braga Netto e do ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito.
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O prazo para apresentação deste tipo de embargo é 15 dias após a publicação do acórdão.
Mesmo assim, os advogados se baseiam no texto do Regimento Interno do STF para fazer o pedido. Apesar da jurisprudência já consolidada, a regra define que “cabem embargos infringentes à decisão não unânime do Plenário ou da Turma”, sem uma referência a dois votos.
O advogado Demóstenes Torres, que defende o almirante Almir Garnier, afirmou que irá usar “tudo o que for possível” para reverter a condenação, inclusive os embargos infringentes.
“O regimento interno permite. Se eles não quiserem, que digam que não cabe. Mas, regimentalmente, cabe”, disse Demóstenes.
O advogado Eumar Novacki, que representa o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, foi na mesma linha e afirmou que está avaliando a possibilidade.
Se os embargos forem rejeitados e não houver outros recursos cabíveis, a decisão da Primeira Turma transitará em julgado, momento em que se esgotam as possibilidades de contestação.
A partir de então a condenação se torna definitiva e Bolsonaro e os outros sete réus podem começar a cumprir pena. (Com informações do jornal O Globo)
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