Cuidado com golpes na internet: vídeos curtos com desinformação captam a atenção de usuários no Instagram e direcionam para a compra de itens ou fraudes
Como a engenharia social apela para o sentido de urgência, sempre desconfie do contato telefônico cuja mensagem diminui seu nível de atenção. (Foto: EBC)
Vídeos curtos com dicas de saúde e emagrecimento chamam a atenção nos feeds das redes sociais com promessas milagrosas. Mas por trás desses conteúdos pode haver uma estratégia para ganhar dinheiro. O Estadão Verifica (serviço de checagem de informação do jornal O Estado de S. Paulo) identificou 69 “contas dark” que somam 42 milhões de seguidores e monetizam com desinformação de saúde e golpes financeiros no Instagram.
As “contas dark” são páginas em que nenhum criador de conteúdo aparece. A criação de perfis assim é ensinada em tutoriais no YouTube e no Tiktok, que prometem uma renda extra de até R$ 10 mil por mês. Basta fazer publicações sobre assuntos que estão em alta, seja com postagens geradas com uso de inteligência artificial ou com vídeos baixados da internet.
O Verifica identificou dezenas de contas anônimas que agem em rede, compartilhando conteúdos semelhantes ou iguais diariamente. Os perfis têm até nomes parecidos. Muitos usam nomes de mulheres, como @ana.dicas.saudaveis, @helena.dicas.saudaveis e @aurora. dicas.saudaveis. As fotos desses perfis são geradas por inteligência artificial.
O tema de saúde é usado como estratégia de viralização. Vídeos sensacionalistas e desinformativos com promessas de resultados fáceis servem como uma isca para capturar a atenção dos usuários. Especialistas explicaram ao Verifica que há indícios de uma ação coordenada, em que o engajamento das publicações por várias contas é usado em estratégias de monetização. Os usuários são levados a comprar itens que nunca serão entregues ou caem em fraudes para vendas de dados pessoais.
As contas costumam replicar entre si vídeos que estão viralizando nas redes sociais com poucos dias de diferença. Elas também mantêm as mesmas rotinas de publicações, em que dicas de saúde, alimentação e emagrecimento são misturadas a indicações de itens à venda. Em média, a cada três publicações nos perfis, uma é de “promoções” de produtos. A maior parte indica itens vendidos entre R$ 10 e R$ 50.
A maioria das contas usa identificações de usuário genéricas. Geralmente, são nomes de mulheres junto a palavras como “saudável”, “dicas”, “receitas”, “autoajuda”, “fitness”, “saúde”. Outra semelhança são as biografias dos perfis. Frequentemente, indicam um contato por WhatsApp para receber receitas de emagrecimento ou cupons e ofertas de lojas. O Verifica encontrou dezenas de perfis que indicam o mesmo número.
Apesar de compartilharem conteúdos de saúde e se descreverem como páginas sobre o tema, nenhuma delas traz informações de que pertencem a profissionais do ramo. Além disso, pelo menos 50 passaram por modificações no nome de usuário desde a criação. As alterações são suspeitas, porque dificultam o rastreamento e a identificação de contas legítimas pelos usuários.
O Verifica localizou 34 páginas que possuem características iguais, como números de WhatsApp, data e hora de publicações, biografia e sequência de conteúdos publicados. Algumas delas possuem fotos de perfis similares e indicam que os usuários entrem nos mesmos grupos de WhatsApp e Instagram. É comum que esses perfis publiquem conteúdos em colaboração entre si, quando um post é compartilhado por mais de uma conta.
As 69 contas identificadas pelo Verifica estão divididas em cinco grupos diferentes. Cada um compartilha o mesmo número de WhatsApp. A divisão por “Paloma”, “Camila”, “Magrinhas”, “Glamoroso” e “Dicas Diárias” segue a identificação adotada pelos administradores das páginas no aplicativo de mensagem.
Um dos conjuntos agrupa 20 contas que fazem as mesmas postagens diariamente no feed e stories e tem o mesmo número vinculado no WhatsApp como “Paloma”. Todos os perfis pertencentes a esse grupo usam nomes femininos, seguidos das palavras “autoajuda” ou “dicas saudáveis”. Eles também se valem de fotos de mulheres geradas por inteligência artificial no perfil. Além disso, as legendas de posts e hashtags são todas iguais.
Só os perfis da “Paloma” somam mais de 8,6 milhões de seguidores e mais de 100 mil visualizações diárias nos vídeos publicados. As contas estão ativas há pelo menos dois anos no Instagram. A primeira foi criada em junho de 2018 e a última em setembro de 2023. Os nomes de usuário foram modificados de uma a seis vezes desde a data de criação.
O pesquisador Ergon Cugler, do Laboratório de Estudos Sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DesinfoPop/FGV), analisa que as contas demonstram um padrão de ação coordenada e podem pertencer a uma mesma pessoa. “Quando observamos que múltiplos perfis replicam exatamente os mesmos conteúdos, com a mesma periodicidade e, ainda, com o mesmo modelo de conversão para o WhatsApp, isso foge do comportamento comum dos usuários”, comentou. Ele diz que essas operações costumam ter o objetivo de converter a visualização e o consumo em monetização. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
https://www.osul.com.br/cuidado-com-golpes-na-internet-videos-curtos-com-desinformacao-captam-a-atencao-de-usuarios-no-instagram-e-direcionam-para-a-compra-de-itens-ou-fraudes/ Cuidado com golpes na internet: vídeos curtos com desinformação captam a atenção de usuários no Instagram e direcionam para a compra de itens ou fraudes 2025-05-18
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As “contas dark” são páginas em que nenhum criador de conteúdo aparece. A criação de perfis assim é ensinada em tutoriais no YouTube e no Tiktok, que prometem uma renda extra de até R$ 10 mil por mês. Basta fazer publicações sobre assuntos que estão em alta, seja com postagens geradas com uso de inteligência artificial ou com vídeos baixados da internet.
O Verifica identificou dezenas de contas anônimas que agem em rede, compartilhando conteúdos semelhantes ou iguais diariamente. Os perfis têm até nomes parecidos. Muitos usam nomes de mulheres, como @ana.dicas.saudaveis, @helena.dicas.saudaveis e @aurora. dicas.saudaveis. As fotos desses perfis são geradas por inteligência artificial.
O tema de saúde é usado como estratégia de viralização. Vídeos sensacionalistas e desinformativos com promessas de resultados fáceis servem como uma isca para capturar a atenção dos usuários. Especialistas explicaram ao Verifica que há indícios de uma ação coordenada, em que o engajamento das publicações por várias contas é usado em estratégias de monetização. Os usuários são levados a comprar itens que nunca serão entregues ou caem em fraudes para vendas de dados pessoais.
As contas costumam replicar entre si vídeos que estão viralizando nas redes sociais com poucos dias de diferença. Elas também mantêm as mesmas rotinas de publicações, em que dicas de saúde, alimentação e emagrecimento são misturadas a indicações de itens à venda. Em média, a cada três publicações nos perfis, uma é de “promoções” de produtos. A maior parte indica itens vendidos entre R$ 10 e R$ 50.
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Um dos conjuntos agrupa 20 contas que fazem as mesmas postagens diariamente no feed e stories e tem o mesmo número vinculado no WhatsApp como “Paloma”. Todos os perfis pertencentes a esse grupo usam nomes femininos, seguidos das palavras “autoajuda” ou “dicas saudáveis”. Eles também se valem de fotos de mulheres geradas por inteligência artificial no perfil. Além disso, as legendas de posts e hashtags são todas iguais.
Só os perfis da “Paloma” somam mais de 8,6 milhões de seguidores e mais de 100 mil visualizações diárias nos vídeos publicados. As contas estão ativas há pelo menos dois anos no Instagram. A primeira foi criada em junho de 2018 e a última em setembro de 2023. Os nomes de usuário foram modificados de uma a seis vezes desde a data de criação.
O pesquisador Ergon Cugler, do Laboratório de Estudos Sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DesinfoPop/FGV), analisa que as contas demonstram um padrão de ação coordenada e podem pertencer a uma mesma pessoa. “Quando observamos que múltiplos perfis replicam exatamente os mesmos conteúdos, com a mesma periodicidade e, ainda, com o mesmo modelo de conversão para o WhatsApp, isso foge do comportamento comum dos usuários”, comentou. Ele diz que essas operações costumam ter o objetivo de converter a visualização e o consumo em monetização. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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